Chupa-cabra” – um equipamento eletrônico adaptado para roubar dados e senhas de cartão de crédito e saque – apreendido na semana passada em Várzea Grande poderia causar um grande estrago para quem tem conta bancária na Grande Cuiabá. O equipamento pode sugar até 1.000 senhas e dados de uma única vez. Pelas contas da polícia, dez deles foram instalados em caixas eletrônicos espalhados pelas duas cidades. O golpe poderia chegar a 10 mil vítimas e o prejuízo poderia ser superior a R$ 1 milhão em poucos dias.
O responsável pela instalação do equipamento, Ravênio José da Silva Gomes, de 25 anos, foi preso em flagrante. Para a Polícia Civil, com o chupa-cabra, os golpistas teriam acesso às contas dos correntistas fazendo saques, inclusive tirando o limite. Para a polícia, chupa-cabras demonstram a fragilidade da segurança do sistema bancário que acaba ressarcindo o cliente e este não reclama mais. A vítima registra queixa e a instituição financeira repõe o prejuízo.
“Com o dinheiro na conta, a vítima não procura mais a polícia. E, então as investigações emperram”, reclamou o delegado Douglas Turíbio, da Delegacia do Complexo do Parque do Lago. Outra vantagem dos bandidos é que a polícia não tem o mesmo avanço tecnológico dos bandidos que praticam crimes digitais.
A polícia só descobriu que os dados armazenados nos chupa-cabras são enviados para um notebook (computador portátil) porque o falsário detalhou informalmente o esquema. Revelou que é usado um bluetooth (transmissão de dados e imagens sem fio) para o computador. A partir daí, é possível acessar as contas.
O golpe do chupa-cabra não é novidade. Há mais de oito anos as quadrilhas – que vêm de fora – têm agido na Grande Cuiabá. “Em 2001, prendemos quatro pessoas com mais de 500 cartões clonados”, relembrou o delegado Luciano Inácio, da Gerência de Repressão a Seqüestros e Investigações Especiais (Gresie).
No ano passado, mais duas quadrilhas foram tiradas de circulação. Em janeiro, policiais da Gresie prenderam quatro pessoas – todas de estados do Nordeste – que usavam cartões de crédito clonados. O verdadeiro proprietário residia em outro país. A operadora se negava a fazer o pagamento e o prejuízo era de quem vendia.
Em agosto, foi a vez da Polícia Civil prender integrantes de um bando que usava um chupa-cabra primitivo. A captura dos dados dos cartões era feita da mesma forma, mas a senha era descoberta através de uma micro-câmera que era colocada em cima do teclado, na parte de dentro.
“Então, eles tinham que rever o filme várias vezes para acertar a senha”, explicou o delegado Roberto Amorim, da Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos e Veículos (DERRFVA). Apesar do trabalho, em quatro meses de atuação, os golpistas roubaram cerca de R$ 8 milhões em dezenas de cidades brasileiras, exceto na região Sul.