Os EUA terminaram o rascunho das sanções a serem impostas pelo Conselho de Segurança da ONU contra o Zimbábue para punir alguns membros do governo do país, afirmou o enviado britânico das Nações Unidas, John Sawers.
“Nosso colegas dos EUA fizeram um primeiro rascunho que será discutido nos próximos dias”, afirmou Sawers nesta segunda-feira a repórteres durante um encontro do Conselho de Segurança.
“Nós certamente apoiamos o apoio ao crescimento das pressões sobre aqueles no Zimbábue que são responsáveis por subverter as eleições e por criar uma atmosfera na qual a vontade da população zimbabuana foi descartada”, acrescentou.
O departamento de Estado dos EUA divulgou que o Conselho de Segurança irá discutir formalmente as sanções para o Zimbábue na próxima quarta-feira (2).
As 15 nações do Conselho de Segurança estão divididas na questão do Zimbábue e diplomatas afirmam que e África do Sul, que se opõe à idéia de sanções contra o presidente Robert Mugabe, possui o apoio de dois membros com poder de veto: a Rússia e a China.
Diplomatas afirmaram à agência Reuters que as sanções devem ser baseadas em proibições de viagens para os membros do governo do Zimbábue. Segundo Sawers, a população do país não deve ser punida.
EUA
Os EUA irão anunciar novas sanções diplomáticas e econômicas contra o governo do Zimbábue “em uma ou duas semanas”, informou a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino.
O presidente George W. Bush pediu a seus secretários de Estado e Tesouro para que estabeleçam novas medidas contra Mugabe.
“Não creio que leve tanto tempo para que sejam adotadas, precisamos dar-lhes (aos secretários) uma ou duas semanas para que pensem a respeito”, disse Perino.
A porta-voz lembrou que entre as medidas consideradas estão sanções econômicas que teriam como objetivo esgotar os ativos do governo zimbabuano, assim como um embargo sobre armas.
Perino também disse considerar que os líderes africanos, reunidos esta segunda-feira em Sharm el Sheik (Egito), deveriam “ouvir os observadores” das eleições no Zimbábue, que condenaram o processo eleitoral.
União Africana
Mugabe compareceu ao encontro da União Africana (UA) no Egito nesta segunda-feira, após ser reeleito presidente em um segundo turno com apenas um candidato. O pleito foi condenado por observadores regionais e líderes mundiais.
O presidente do Zimbábue aproveitou a reunião para tentar impulsionar a legitimidade de seu governo na África e superar o descrédito de sua reeleição. Mugabe já está a 28 anos no comando do país.
Os líderes de países africanos evitaram críticas públicas ao Zimbábue, mesmo com a pressão dos países ocidentais.
No entanto, nem todos Estados africanos se mostraram do lado de Mugabe. O primeiro-ministro do Quênia, Raila Odinga, afirmou que o Zimbábue deveria ser suspenso da UA.
“Eles deveriam suspendê-lo e enviar forças de paz para o Zimbábue para assegurar eleições livres e justas”, disse.
Negociação
A África do Sul pediu ao governo e à oposição do Zimbábue que iniciem negociações para a formação de um gabinete de transição, depois da polêmica reeleição do ditador Robert Mugabe.
“A Zanu-PF (União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica, no poder) e o MDC (Movimento pela Mudança Democrática, oposição) devem trabalhar em conjunto e unir o país e seu povo nos esforços para encontrar uma solução comum a seus problemas nacionais”, afirmou a chancelaria sul-africana em um comunicado.
Mugabe foi declarado vencedor de uma eleição na qual era o único candidato, já que o líder opositor Morgan Tsvangirai, do MDC, se retirou da disputa para denunciar a violência do governo contra a oposição e as condições fraudulentas da votação. O ditador tomou posse neste domingo para o seu sexto mandato como presidente.
Mugabe obteve um total de 2.150.269 votos, contra 233 mil de Tsvangirai. As autoridades declararam Mugabe presidente sobre um tapete vermelho no Complexo da Residência Oficial.
“Declaro, portanto, Robert Gabriel Mugabe presidente eleito da República do Zimbábue”, disse o responsável pela apuração na comissão eleitoral do país, Lovemore Sekeramyi.