O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira, na reunião da FAO (agência da ONU para Agricultura e Alimentos), que a crítica de que as plantações de cana-de-açúcar estão invadindo a Amazônia é um argumento “sem pé nem cabeça”.
“Há críticos ainda que apelam para um argumento sem pé nem cabeça: os canaviais no Brasil estariam invadindo a Amazônia. Quem fala uma bobagem dessas não conhece o Brasil”, disse Lula no plenário da FAO em Roma a outros chefes de Estado.
Os comentários foram feitos por Lula um dia depois de o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, anunciar que o desmatamento da Amazônia cresceu oito vezes em apenas um mês. Minc também alertou que “o pior ainda está por vir”. Em Roma, Lula defendeu o etanol das acusações sobre a floresta.
“A Região Norte, onde fica quase toda a Floresta Amazônica, tem apenas 21 mil hectares de cana, o equivalente a 0,3% da área total dos canaviais do Brasil”, disse Lula.
“Ou seja, 99,7% da cana está a pelo menos 2 mil km da floresta amazônica. Isto é, a distância entre nossos canaviais e a Amazônia é a mesma que existe entre o Vaticano e o Kremlin.”
Terras agrícolas
O presidente disse que o Brasil ainda tem 77 milhões de hectares de terras agrícolas fora da Amazônia que ainda não estão sendo utilizados – o equivalente a quase os territórios da França e da Alemanha juntos.
“E ainda temos 40 milhões de hectares de pastagens subutilizadas e degradadas, que podem ser recuperadas e destinadas à produção de alimentos e cana.”
“Em suma, o etanol de cana no Brasil não agride a Amazônia, não tira terra da produção de alimentos, nem diminui a oferta de comida na mesa dos brasileiros e dos povos do mundo.”
O presidente também criticou a falta de continuidade ao processo iniciado pelo Protocolo de Kyoto. “Infelizmente, é mais fácil emitir alertas do que mudar hábitos de consumo e acabar com desperdícios. É mais fácil pôr a culpa nos outros do que fazer as mudanças necessárias, que ferem interesses estabelecidos.”
Lula também disse na conferência da FAO sobre a crise do preço dos alimentos que os “dedos apontados contra a energia limpa dos biocombustíveis estão sujos de óleo e de carvão”.
A Conferência da FAO, que começou nesta terça-feira, tenta chegar a uma conclusão sobre o peso dos diferentes fatores que estão causando a alta do preço dos alimentos. Lula discursou no plenário diante dos chefes de Estado do Japão, França, Espanha, Irã e Argentina, entre outros.
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