“O número de mortos é calculados em 50.000”, informou a televisão estatal, que menciona os últimos dados divulgados publicados pelo Centro Nacional de Resgate do governo.
O balanço anterior, divulgado nesta quinta-feira, registrava mais de 19,5 mil mortos na província e cerca de 27 mil soterrados nos escombros.
Medo
As autoridades provinciais conseguiram convencer nesta quinta-feira cerca de 10 mil sobreviventes do terremoto para que não saiam da zona, após o rumor de que as fontes que fornecem a água de Chengdu, capital provincial, ficaram contaminadas após o terremoto.
Destruição
Os relatos de destruição, no entanto, estão por todos os lados. Em outra cidade próxima ao epicentro, Mianzhu, pelo menos 4,8 mil pessoas estariam soterradas e vários deslizamentos de terras impedem o acesso ao local, segundo a Xinhua.
Em Dujiangyan, onde 900 estudantes foram soterrados pelos escombros da escola onde estavam no momento do terremoto e pelo menos 50 morreram, o correspondente da BBC, Michael Bristow, afirma que o cenário é de “caos organizado”.
Segundo Bristow, sobreviventes ainda atônitos perambulam pelas ruas vestindo pijamas, enquanto a polícia tenta organizar o trânsito.
De acordo com o correspondente da BBC, diversos tremores secundários foram registrados após o terremoto, e as pessoas ainda estão com medo de voltar para suas casas.
Bristow afirma que muitos estão preparados para passar uma segunda noite ao relento, sob a forte chuva que cai na região.
No condado de Beichuan, 80% dos prédios foram destruídos.
Em Shifang, duas fábricas de químicos desmoronaram e mais de 2 mil pessoas ficaram presas nos escombros. Cerca de 80 toneladas de material corrosivo vazaram, 6 mil pessoas tiveram de ser evacuadas e, segundo a Xinhua, 600 pessoas morreram.
No centro de pesquisas e reprodução de ursos panda de Wolong, em Wechuan, ainda não há relatos sobre o estado dos funcionários e dos turistas que estavam no local no momento do terremoto.
Também foram registradas mortes fora da província de Sichuan. A agência de notícias chinesa afirma que pelo menos 300 pessoas morreram em Gansu, Shaanxi e Chongqing.
Frente à situação na região, a China está enviando ainda mais tropas adicionais de 30 mil homens nesta quinta-feira para atuar na região do epicentro, que levarão comida, água e equipamentos.
O novo reforço se soma a dezenas de milhares de soldados que já se encontram na região do epicentro do tremor e lutam contra o tempo para encontrar sobreviventes e prover assistência a milhares de desabrigados.
De acordo com a coordenadora do Departamento de Sismologia chinês, Liu Yuchen, 82 pessoas foram resgatadas com vida na quarta-feira, entre elas uma grávida.
Helicópteros
Ainda nesta quinta-feira, militares chineses devem sobrevoar as zonas mais devastadas para lançar comida, remédios, roupas e cobertas para ajudar os desabrigados.
Os helicópteros são necessários porque muitas das estradas de acesso às cidades foram destruídas ou estão bloqueadas por deslizamento de terras.
Desde quarta-feira, todos os trens de passageiros estão recolhidos e as viagens suspensas para que se possa transportar pessoal e materiais para o esforço de resgate.
Atendendo ao apelo do governo chinês, milhares de pessoas em cidades como Pequim e Xangai fazem fila para doar sangue, dinheiro e mantimentos para os afetados pelo terremoto.
A China disse ter alocado outros US$ 35 milhões nos esforços de resgate e ajuda às vítimas.
Ajuda
O governo chinês anunciou nesta quinta-feira que equipes japonesas especialistas em resgate serão enviadas ao país para ajudar a encontrar sobreviventes.
Agências de ajuda de Taiwan também estão enviando dois aviões carregados com mantimentos e equipamentos para resgate, além de voluntários.
Cerca de 150 toneladas de suprimentos – incluindo barracas, sacos de dormir e cobertores serão transportados nos dois primeiros aviões taiwaneses, doados por instituições de caridade e grupos religiosos.
Na quarta-feira, as autoridades chinesas estimaram que a situação no epicentro do terremoto seria “pior do que o esperado”.
Dos 12 mil habitantes de Yingxiu, uma das cidades mais atingidas pelo abalo, apenas 3 mil sobreviveram.
Estradas obstruídas
Equipes especializadas continuam com os trabalhos de desobstrução e reparo das estradas bloqueadas por deslizamentos de terra.
Os arredores de Wenchuan são montanhosos, sendo difícil acessar os locais mais remotos.
Apesar de o Exército possuir homens e máquinas suficientes, o trabalho progride lentamente.
“Só é possível que uma máquina escavadeira trabalhe a cada vez”, explicou Feng Zhenglin, oficial do ministério de Transportes.
A prioridade das equipes está concentrada em um raio de 50 quilômetros ao redor de Wenchuang.
Tocha
O terremoto de segunda-feira foi o pior a atingir a China nos últimos 30 anos. O tremor foi sentido até na capital, Pequim, e em países próximos, como a Tailândia.
O governo chinês disse que vai aceitar ajuda estrangeira. União Européia, Estados Unidos, Grã-Bretanha, Rússia, Japão, Coréia do Sul e Taiwan já ofereceram ajuda.
O terremoto afetou também o revezamento da tocha olímpica, que está percorrendo todas as províncias chinesas até chegar a Pequim para a abertura dos Jogos Olímpicos, no dia 8 de agosto.
Brasileiros
O terremoto de 7,9 graus que atingiu a província de Sichuan na segunda-feira foi como um “trovão sufocado” e “horrível”, segundo relatos de sobreviventes brasileiros ouvidos pela BBC Brasil.
“Parecia que o prédio ia cair”, contou Angélica Brune, de 32 anos, que vive no 16º andar de um prédio, e que teve que descer as escadas às pressas, levando um bebê, enquanto a terra tremia.
“Eu estava dormindo e acordei com o forte barulho das portas dos armários batendo e dos copos de vidros quebrando”, ela disse.
“Nós moramos no 16º andar e sacudiu bastante, parecia que o prédio ia cair. Senti pânico e medo, pois eu não sabia o que era. Só peguei a bebê no colo, desci pelas escadas e quando cheguei lá em baixo já havia passado”, narrou Brune.