Ao menos sete palestinos, entre eles uma mulher e seus quatro filhos pequenos, foram mortos nesta segunda-feira, 28, em um ataque aéreo israelense ao norte da Faixa de Gaza, segundo fontes médicas palestinas. Um míssil atingiu a casa da família na cidade de Beit Hanoun.
Médicos palestinos identificaram as crianças mortas como as irmãs Rudina e Hana Abu Meatak, de seis e três anos, e os irmãos delas, Saleh, de quatro anos, e Mousab, de apenas um ano e três meses. A mãe delas, Miyasar, tinha idade próxima de 40 anos. Dois filhos mais velhos de Miyasar ficaram gravemente feridos no bombardeio, ocorrido no fim da madrugada, quando a mãe preparava o café da manhã das crianças.
Aparentemente, um projétil de tanque desviou-se e atingiu a casa da família Abu Meatak durante as ações israelenses contra os rebeldes. A força da explosão foi tamanha que roupas e outros itens da casa de dois cômodos foram parar no meio da rua. Um sapatinho de criança, esmagado pela explosão, jazia no chão perto de um short azul coberto de areia. Um cadeirinha de criança também foi parar no meio da rua e tinha uma das extremidades retorcida por causa da explosão.
O Exército de Israel afirmou que seus aviões atacaram um grupo de milicianos palestinos que haviam disparado contra uma patrulha militar na região. A área é comumente utilizada por militantes palestinos como base para lançamento de foguetes contra Israel.
Os outros dois mortos eram militantes de grupos armados e entre os feridos estão seis civis. Sem confirmar nem desmentir o ataque, uma porta-voz militar israelense lembrou que “os terroristas (milicianos) que atuam a partir de zonas povoadas assumem o risco que civis acabem atingidos”. Um soldado israelense foi levemente ferido em uma troca de fogo com milicianos palestinos, enquanto as Brigadas de Ezedin al-Qassam, braço armado do Hamas, afirmaram em um panfleto ter ferido três militares israelenses durante a incursão.
A mãe e as crianças mortas foram levadas ao necrotério de um hospital próximo, onde médicos e familiares choravam desesperadamente pela morte delas. “Que dia negro. Eles mataram minha família”, dizia desesperado Ahmad Abu Meatak, pai das crianças. Ele contou ter saído para ir ao mercado quando aconteceu a explosão.
Autoridades israelenses disseram estar investigando o incidente, mas atribuíram a responsabilidade pelas mortes ao grupo islâmico Hamas. Israel acusa o Hamas, que controla Gaza desde junho do ano passado, de permitir a ação de rebeldes no meio de áreas residenciais, o que colocaria a vida de civis em risco quando o Exército israelense retalia. “Nós vemos o Hamas como responsável por tudo o que acontece lá, por todas as vítimas”, alegou o ministro israelense da Defesa, Ehud Barak.
Os confrontos entre tropas israelenses e militantes palestinos já haviam provocado a morte de uma garota de 14 anos no domingo. As autoridades israelenses disseram que suas operações na região tinham como objetivo remover atiradores palestinos da zona de fronteira e afastar os responsáveis pelos disparos de foguetes. O Exército alegou que durante a operação suas tropas teriam sido alvo de disparos de um atirador e responderam ao ataque, mas não confirmou o ataque à casa em Beit Hanoun. Mais de 400 palestinos já foram mortos na Faixa de Gaza nos últimos cinco meses, muitos deles civis.