Depois de duas safras fracassadas, os produtores de arroz de Mato Grosso comemoram com cautela a recuperação de 45% nos preços do cereal no Estado. Este ano, os preços pagos ao produtor oscilam em torno de R$ 32 pela saca de 60 quilos, contra os R$ 22 pagos em 2007, segundo levantamento do Sindicato Rural de Sinop, norte de Mato Grosso.
“De fato os preços este ano melhoraram para o produtor, mas ainda não são os ideais. Os custos ainda estão altos e atuam como impeditivos”, afirma o presidente do Sindicato Rural de Sinop, Antônio Galvan.
Para o consumidor, os preços nas gôndolas dos supermercados praticamente não sofreram alteração esta semana. O arroz agulhinha tipo 1 estava sendo comercializado ontem a preços que variavam de R$ 6,99 a R$ 8,19. Já o arroz longo era vendido nos supermercados entre R$ 5,19 a 6,19.
Antônio Galvan diz que os custos de produção não deixam margem de lucro ao produtor. “Para se ter uma idéia, os custos com fertilizantes aumentaram mais de 300% nos últimos quatro anos, o que acabou levando muitos produtores a não plantar arroz”, conta.
Segundo ele, os custos ainda não remuneram o produtor mato-grossense. “Nos atuais patamares, os preços ainda não garantem lucro. Não temos seguro nenhum em cima do produto e o risco da atividade é muito alto. Qualquer intempérie climática pode nos derrubar”.
Galvan afirmou que os preços pagos ao produtor de arroz chegaram a até R$ 45 na safra 2004, quando Mato Grosso colheu safra acima de 2 milhões de toneladas. “Chegamos a plantar 800 mil hectares e colher 2,1 milhões de toneladas. Hoje a situação é completamente diferente e vamos colher em torno de 600 mil toneladas, para uma área plantada que não deverá chegar a 250 mil hectares”, relata Galvan, acrescentando que muitos produtores abandonaram a atividade por causa dos custos de produção e devido à “desclassificação do arroz” por parte da Conab.
“Se os custos parassem hoje, o valor da saca de 60 quilos de arroz deveria ser de R$ 40 a R$ 45 para garantir renda ao produtor. “No atual patamar, os preços mal cobrem os custos”, afirmou Galvan, lembrando que em 2004 os produtores pagavam US$ 220 pela tonelada de adubo. “Hoje esse preço subiu para US$ 900 a US$ 1 mil/tonelada”.
CONAB – O superintendente regional da Conab em Mato Grosso, Ovídio Costa Miranda, afirmou ontem que no momento não há necessidade de o governo intervir no mercado para regular preços.
A Conab não conta com estoque público de arroz no Estado. No ano passado foram vendidas 80 mil toneladas para as indústrias, através dos leilões. Miranda informou que o governo só intervém quando os preços de mercado estão se comportando abaixo do mínimo. “Este ano isso não está acontecendo e notamos uma acentuada recuperação dos preços”.
Segundo ele, no momento da safra, quando o mercado não está favorável ao produtor, o governo federal intervém com a política de preços mínimos, comprando o produto com o objetivo de melhorar os preços. A outra possibilidade de intervenção é quando, no momento da entressafra, o governo disponibiliza seu estoque regulador visando manter as atividades da indústria e também para regular o preço no âmbito do consumidor.
De acordo com levantamento da Conab, em Mato Grosso os preços de mercado (R$ 33 a R$ 34) chegam a ser 47% acima dos valores mínimos garantidos pelo governo, de R$ 23,34 para o arroz agulhinha. No caso do arroz longo tipo 2, que tem seu preço mínimo fixado em R$ 13,14, o preço de mercado (R$ 30 a R$ 31) está 138% acima do valor da Conab. (Veja mais na página C2)
fonte>dc