sexta-feira, 22/11/2024
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Rio de Janeiro registra queda de 20% no turismo devido à dengue

Os efeitos da epidemia de dengue no Rio, que já chegou ao exterior e contaminou dois turistas portugueses, começam a aparecer nas estatísticas da economia carioca. O total de reservas em hotéis do Rio está 20% menor do que o esperado para o próximo feriado, dia de Tiradentes. No emprego, o número de trabalhadores infectados pela doença é comparável, em média, a um segmento inteiro da indústria fluminense. A Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (ABIH) mostrou que as reservas feitas até esta semana indicam ocupação de 45% nos hotéis da cidade para o dia 21.

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“Esse percentual estaria hoje, em condições normais, de 52% a 55%”, afirmou o presidente da entidade, Alfredo Lopes.

O que preocupa representantes de hotéis como Windsor e Sheraton é que esse quadro tende a se agravar, apesar de as filas nos hospitais terem diminuído nos últimos dias – com a chegada de mais médicos e, finalmente, investimentos das autoridades. É que o contágio da doença no turismo é tardio.

“Estamos preocupados mesmo é com o que pode acontecer nos próximos meses, pois a imagem da cidade vai sendo afetada aos poucos, inclusive no Brasil”, teme o gerente-geral do Hotel Windsor da Barra da Tijuca, Marcelo Bezerra.

Fuga de eventos
A Barra é dos bairros mais picados pelo mosquito e dois eventos de grandes empresas foram cancelados no estabelecimento, transferidos deste mês para uma data ainda não definida. O hotel já havia perdido um seminário do laboratório Merck. O valor do cancelamento não é revelado, mas outros funcionários do Windsor Barra contam que um evento costuma render até R$ 2 milhões. O prejuízo pode ter sido de até R$ 6 milhões portanto. Valores mais conservadores apontam para uma perda de R$ 4 milhões.

A dengue já mudou a rotina dos hotéis, que estão precisando contratar empresas de dedetização para espantar os mosquitos.

“O hotel está cheio, mas estamos suando a camisa para mostrar para os turistas que o mosquito não entra aqui”, diz o recepcionista do Sheraton Barra, Leonardo Domingues.

Até repelente o Sheraton oferece aos hóspedes. No Windsor, o gasto semanal com a contratação do serviço particular de fumacê chega a R$ 750. Nada para uma rede com faturamento de bilhões.

Silêncio das autoridades
Apesar de nenhuma autoridade do setor arriscar um número para o prejuízo, o mercado é unânime ao afirmar que o impacto já está sendo sentido. A situação se agravou nas duas últimas semanas, quando alguns pacotes foram cancelados.

Procurada pelo JB, a ministra do Turismo, Marta Suplicy, não comentou o assunto. A assessoria do órgão disse que o problema da dengue estava sendo resolvido pelo Ministério da Saúde e pelo governo Estadual. O silêncio das autoridades assusta porque 40% dos turistas estrangeiros no País fazem do Rio de Janeiro sua porta de entrada.

O distanciamento da epidemia contaminou também a TurisRio. Procurada por Sidney Linhares, diretor de operação da agência Del Bianco, que trabalha apenas com a venda de pacotes no exterior, o órgão informou que o problema da dengue era para ser resolvido pelas autoridades da saúde.

“Procurei a RioTur e me disseram que a dengue não tinha nada a ver com o turismo e que só a secretaria de Saúde poderia resolver”, reclamou Linhares. “Cinco pacotes foram cancelados nas duas últimas semanas e já recebi consultas sobre a situação da epidemia de países como Israel e Austrália.”

A cegueira parece ser apenas das autoridades brasileiras. Até agora, ministérios das Relações Exteriores e embaixadas de países como EUA, França, Portugal, Uruguai e Itália já emitiram comunicados de alerta sobre a doença. Presidente da Brazilian Incoming Travel Organization (Bito), Roberto Dultra, confirma que o número de pedidos de informações sobre a dengue estão aumentando:

“As agências dos EUA e Europa estão interessadas na doença. Eles querem tomar as medidas preventivas. Talvez venhamos a interpelar as autoridades.”

JB Online

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
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