Para cristãos e judeus, a Páscoa tem um significado de liberdade e renovação. Em Israel, onde aconteceram os fatos bíblicos da festa, famílias reúnem-se em ceias e saem às ruas para comemorar e orar. Mas, a data também representa perigo, tensão e a lembrança de atentados terroristas dos últimos anos. A morte de oito estudantes em uma escola da cidade sagrada de Jerusalém, no início do mês, aumentou ainda mais o clima de apreensão. Na Páscoa, Jerusalém fica repleta de turistas do mundo inteiro, que seguem em procissões os passos dos últimos dias terrenos de Jesus, desde a Santa Ceia até a ressurreição, passando pelo Jardim Getsêmani.
Os hotéis lotam e o comércio trabalha a todo vapor. As crianças israelenses estão de férias e o clima de primavera tira de casa milhares de pessoas depois do inverno frio e chuvoso da região. Mas o aparente clima festivo é rodeado pela dura realidade de milhares de policiais e soldados em vigilância total.
Em cada esquina da cidade antiga de Jerusalém, soldados armados com fuzis e policiais da tropa de choque protegem os peregrinos que caminham pelas vielas. Em todo o país, o Exército entra em estado de alerta máximo, o que nem sempre é suficiente.
Em 2002, uma onda de ataques terroristas estragou o espírito religioso, festivo e turístico da Páscoa. O mais grave aconteceu em um hotel na cidade de Naharia, em Israel. Um suicida do grupo guerrilheiro palestino Hamas explodiu-se no meio de um salão onde 250 judeus – israelenses e turistas – que celebravam a ceia do Pessach, como é chamada a Páscoa judaica, que festeja a libertação dos hebreus do Egito.
Treze pessoas morreram e dezenas ficaram feridas na explosão. Só um ano depois o exército de Israel conseguiu prender quatro palestinos que planejaram o atentado. Eles foram condenados à prisão perpétua. No domingo de Páscoa daquele mesmo ano, outro homem-bomba, de 18 anos de idade, matou 16 pessoas e feriu 30. O ataque aconteceu em uma lanchonete localizada em um posto de gasolina de Haifa, também no norte de Israel. Parte do teto de um shopping center que fica ao lado desmoronou. O calor da bomba incendiou as roupas de algumas vítimas, que morreram queimadas.
A Páscoa em Israel tem também significado político. Palestinos cristãos (minoria entre os muçulmanos) costumam protestar em frente a igrejas que venderam terrenos para judeus. Eles consideram isso uma traição ao nacionalismo árabe e com freqüência a polícia israelense precisa separar a confusão.
Para as autoridades israelenses, os preparativos da Páscoa começam muito antes da Semana Santa. O governo costuma fechar os territórios palestinos vizinhos ao país para evitar a entrada de terroristas. Apenas médicos, pacientes com casos graves e funcionários de agências humanitárias podem passar livremente.
Com tantas medidas de segurança, o número de ataques terroristas diminuiu. Desde 2002 o Exército de Israel faz operações militares contra bases de grupos extremistas e construiu um muro para separar o país da Cisjordânia, de onde saíram muitos dos homens-bomba. A medida, no entanto, causa enormes transtornos para os palestinos. Nos últimos anos, o número de turistas em Jerusalém aumentou, principalmente peregrinos cristãos de países como Índia, Itália, Estados Unidos, Coréia do Sul e Brasil. Espera-se que, neste ano, a data seja comemorada em paz.
Por Michael Gawendo, de Jerusalém/F.U