Na véspera da instalação da CPI dos Cartões Corporativos, a futura presidente da comissão, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), disse acreditar que as investigações poderão trazer resultados efetivos para apurar o uso irregular dos cartões por integrantes do governo federal. Serrano admite, porém, que os governistas serão maioria na CPI, o que poderá blindar integrantes do governo nas apurações.
“Eu acredito que temos trabalho a fazer e vamos lutar para ter resultados com o máximo de conteúdo. Queremos que as irregularidades sejam punidas. É claro que a minoria não vai poder ditar as regras de trabalho da CPI. Vai depender da votação de requerimentos”, afirmou.
Os governistas já sinalizaram que vão tentar evitar ao máximo as investigações sobre integrantes do governo federal. A orientação do Palácio do Planalto é trabalhar para impedir a aprovação de requerimentos que comprometam o governo, com a estratégia de esvaziar a atuação da comissão.
Apesar da oposição ser minoria, Serrano disse não acreditar em “blindagem” das autoridades federais pelos governistas. “Se foi o líder Romero Jucá (PMDB-RR) o primeiro a pedir a CPI, eu acredito que o governo vai querer ser o primeiro a querer as investigações. Não posso partir da premissa de que o governo vai abafar, mas sim que quer a seriedade e o compromisso das investigações.”
A futura presidente da CPI defende que as apurações tenham início pelos dados levantados pela CGU (Controladoria Geral da União) e TCU (Tribunal de Contas da União), órgãos que deram início às investigações sobre o uso dos cartões corporativos.
Críticas
Da tribuna do Senado, o vice-líder do PSDB, Álvaro Dias (PR), fez nesta segunda-feira duras críticas ao trabalho da CPI. Apesar de ser um dos integrantes da comissão, o tucano disse que a CPI será um “fracasso” porque foi arquitetada pelo próprio governo. “Todos nós sabemos que a CPI foi armada, liderada pelo governo que se antecipou à oposição. Foi uma encenação necessária para livrar o governo de um escândalo maior”, afirmou.
Dias disse que, sem a revelação do uso dos cartões corporativos por funcionários da Presidência da República, a comissão não terá meios para avançar nas investigações. “Esses dados estão protegidos por sigilo. Se não quebrarmos esses sigilos, vamos penalizar somente os pequenos”, disse o senador.
Eleição
A CPI terá a primeira reunião de trabalhos amanhã. Serrano será indicada para presidir a CPI pelo PSDB, depois de acordo firmado com os governistas para que a oposição fique no comando da comissão. Em seguida, a senadora indicará o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) para a relatoria da CPI.
Após a eleição da Mesa Diretora da comissão, os integrantes vão traçar um plano de trabalhos para os próximos 90 dias –prazo em que Serrano espera concluir as investigações sobre os cartões corporativos do governo.
F.on.L