Guilherme Maluf homenageia poeta cuiabano Silva Freire

O deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB) apresentou projeto de lei que institui o Dia do poeta mato-grossense, a ser comemorado anualmente em 20 de setembro, em alusão ao aniversário do poeta Silva Freire.
De acordo com Maluf é um dever do Parlamento Estadual reconhecer legalmente a grande significância do poeta Benedito Sant’Anna da Silva Freire e a importância literária do gênero da poesia na formação e consolidação do saber e do conhecimento intelectual do ser humano.
“A literatura brasileira é composta de grandes prosadores e poetas, onde Mato Grosso participa com nomes de expressão. Dentre eles, sem desmerecer o trabalho dos demais, está a figura de Silva Freire. Sua produção literária é repleta de criatividade e riqueza de conteúdo lingüístico”, disse o parlamentar ao ressaltar ainda que para muitos as obras Silva Freire são comparáveis às de Dom Aquino Correa, que foi o único mato-grossense a integrar a Academia Brasileira de Letras (ABL).
O deputado disse ainda que o perfil político-partidário de Silva Freire teve grande respaldo em atos , ações e discursos, acentuando a afirmação de grande difusor dos ideais democráticos.
“Este grande poeta, desde jovem, já demonstrava interesses literários, espírito crítico, comportamento humanista e inconformismo com a situação de injustiça social. Esses são fatores que com certeza influenciaram na formação de sua personalidade e carreira literária”, disse o deputado.
O parlamentar destacou ainda que o poeta caboclo e cuiabano Silva Freire foi um homem múltiplo, membro da Academia Mato-grossense de Letras (AML). Devido às suas idéias, criatividade e intenso desejo de justiça, igualdade e liberdade dos homens, amor às tradições cuiabanas e respeito à religiosidade de sua gente é difícil dar apenas uma denominação ao perfil deste grande poeta.
“Importa reconhecê-lo como homem que foi digno de sua vida, de seus atos e de seu tempo”, frisou.
Produção Literária
A produção literária de Silva Freire ganhou dimensão brasileira, sendo bem recebida e noticiada com destaque em veículos de comunicação de grandes centros urbanos, sendo acolhida por críticos de renome nacional.
Sua primeira obra publicada a ter destaque no país foi o livro ‘Águas de Visitação’ (1979), com 11 poemas, sustentados num contexto de poesia lírica, social, concreta e com reflexos metafóricos.
Dez anos depois (1989) publicou ‘Barroco Branco’ e em 2001 foi publicada a ‘Trilogia Cuiabana’, que, apesar do título, teve apenas duas obras.
Criação Poética
A criação poética de Silva Freire possui escritos esparsos, poemas nascidos de inspiração súbita, com desejos e amores incontidos, revolta social, cidadania, glorificação da raça, gente pantaneira, do cerrado e afirmação da cuiabania. “Seus poemas refletem traços culturais e grande significação para um povo lutador, distante dos centros de decisão, a mercê da própria sorte, perseguindo o reconhecimento e a identidade de sua cultura”, disse Guilherme Maluf.
História de vida
Benedito Sant’Anna da Silva Freire era graduado em Direito e exerceu jornalismo e literatura paralelamente. Seguiu para a escola de poesia moderna, foi professor universitário e participante ativo da cena político-partidária. No Rio de Janeiro, nos anos 50, teve destaque na atuação de política estudantil local e nacional, chegando a ocupar o cargo de secretário-geral da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Anos mais tarde, envolvido nos principais fatos da política mato-grossense, por discordar dos rumos ditatoriais tomados pelo movimento rebelde de 31 de Março de 1964 e por lutar em defesa do Estado Democrático de Direito, ficou preso 70 dias e teve seus direitos políticos suspensos. Isto o levou de volta a literatura e a boemia.
Silva Freire morreu no dia 11 de agosto de 1991, em Cuiabá, aos 64 anos, vitimado por doença neoplásica de difícil tratamento e cura.