O governo do Estado de Mato Grosso decretou luto oficial de três dias em virtude da morte do senador Jonas Pinheiro da Silva (DEM) ocorrida por volta das 21h30 de ontem num hospital de Cuiabá. O corpo do senador está sendo velado na residência da família, em Santo Antônio do Leverger. O enterro, no cemitério municipal, está marcado para as 17h. Jonas tinha 67 anos e deixa esposa e dois filhos.
Internado há nove dias, após sofrer uma arritmia cardíaca que causou uma parada cardiorrespiratória, o senador entrou em coma profundo e na segunda-feira a junta médica que o acompanhava declarou morte cerebral. Respirando com a ajuda de aparelhos o quadro agravou-se o que levou a falência múltipla de órgãos.
O governador Blairo Maggi lamentou a morte do senador a quem considerava uma das personalidades mais importantes do Estado. Ao visitar o senador na UTI da Amecor na última segunda-feira, Maggi enalteceu a atuação de Jonas Pinheiro, sobretudo na defesa do setor rural. “Foi meu pai na política e mesmo bastante triste por tudo, vejo que é um ciclo na vida que se cumpre”, declarou Maggi à imprensa, destacando a o papel que o senador exerceu ao incentivá-lo a ingressar na vida política.
Agora pela manhã o governador Blairo Maggi ainda cumpre a agenda que inclui uma audiência com o governador de Roraima, José de Anchieta Júnior, mas, a partir das 12h, a agenda no Palácio Paiaguás será suspensa para que o governador possa se dirigir até o local do velório para externar apoio aos familiares e acompanhar o sepultamento.
Depois de entrar em coma, o quadro de saúde de Jonas Pinheiro piorou ao longo dos dias. Primeiro, houve complicações renais e o senador passou a ser submetido a sessões diárias de hemodiálise. Em seguida, o sistema digestivo foi afetado. Ele permaneceu em coma profundo e com todos os reflexos diminuídos. Na sexta-feira (15) houve um agravamento do quadro neurológico do senador e na segunda-feia (18) a equipe médica anunciou morte cerebral.
Jonas Pinheiro nasceu no dia 22 de janeiro de 1941, em Santo Antônio do Leverger, casado com a ex-deputada federal Celcita Pinheiro e pai de dois filhos, Giorgio Pinheiro da Silva e Giani Antonia Pinheiro de Moraes. Foi deputado federal por três mandatos e estava no segundo mandato como senador.
Filho de Leôncio Pinheiro da Silva e Escolástica Pinheiro da Silva, Jonas era médico-veterinário formado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e extensionista rural pela Escola Agrotécnica “Nilo Peçanha”, em Pinheiral (RJ).
Integrante da bancada ruralista no Senado, Pinheiro defendia a redução das taxas de juros aplicadas aos financiamentos agrícolas no país e maior facilidade nas renegociações das dívidas.
Jonas Pinheiro sempre atuou com especial atenção aos trabalhadores do campo . Em sua autobiografia ele diz que “são eles que produzem o nosso alimento” e diz ainda que lutou para tornar a vida rural mais produtiva e mais atraente, a fim de evitar o êxodo rural.
Também conforme sua autobiografia o senador lembra que lutou incessantemente também para criar no campo novas condições de trabalho; proporcionar aos agricultores os meios e os instrumentos de produção; prestar-lhes assistência técnica; dar-lhes escolas; hospitais; crédito; estradas; e diminuir, senão suprimir, os altos tributos que recaem sobre a produção e que a dificultam diretamente.
Ao falar em desistir da carreira política, nos últimos meses, o senador disse que nos mais de 25 anos de atuação parlamentar já havia prestado trabalhos para colaborar no desenvolvimento econômico do Estado e, principalmente, para o setor produtivo.
Jonas sempre foi visto como peça fundamental no partido dos Democratas (DEM), para alicerçar ainda mais o projeto da legenda. “Jonas tinha a cara do povo cuiabano e do cidadão mais humilde, ainda com a vantagem de transitar facilmente nas elites sociais e econômicas”, avaliam seus colegas de partido.
Para o governador Blairo Maggi, Jonas Pinheiro representava a figura de um pai. “Além de amizade pessoal sempre tive um carinho muito grande por ele”, comenta Maggi. O governador destacou ainda que Jonas Pinheiro foi o primeiro mato-grossense que deu apoio àqueles que estavam chegando em Mato Grosso na década de 70. “Lamento muito. Para mim ele era um pai, foi ele que foi me buscar em casa para fazer política, ele que convenceu minha família que eu deveria participar da política”.
ATUAÇÃO NO SENADO – Conforme a Agência Senado, ao longo de seus dois mandatos (13 anos) como senador, Jonas Pinheiro apresentou 59 proposições, sendo 33 projetos e 26 requerimentos, predominando nessas iniciativas os temas ligados à agricultura e ao meio ambiente. Integrava como membro titular quatro comissões do Senado: Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA), Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) , Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR), e Agricultura e Reforma Agrária (CRA) . E participava, como suplente, do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.
Em 2007, Jonas Pinheiro apresentou sete proposições, incluindo um projeto de resolução (PRS 96/07), em exame na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), que permite aos estados, Distrito Federal e municípios a emissão de títulos da dívida pública, no mercado interno ou externo, para amortizar ou quitar dívidas renegociadas com a União.
