A maioria dos 27 países do bloco apóia o passo dado pelo primeiro-ministro de Kosovo, Hashim Thaci, apesar da oposição direta da Sérvia e da Rússia, que vem tentando, sem sucesso, que o Conselho de Segurança da ONU aprove a anulação da declaração kosovar.
França, Alemanha, Grã-Bretanha e Itália, os quatro maiores membros da UE, poderiam ser os primeiros a reconhecer a independência, com declarações oficiais realizadas por seus ministros do Exterior durante a reunião desta segunda-feira.
Na avaliação do ministro de Exterior de Portugal, Luis Amado, a independência de Kosovo já é aceita “implicitamente” pela UE desde 2006, quando Bruxelas aprovou o plano de independência elaborado pelo ex-presidente finlandês Marti Athisaari, enviado especial da ONU à então província sérvia.
Precedente No entanto, seis países membros já anunciaram que não reconhecerão o novo Estado sem uma prévia resolução da ONU.
Espanha, Grécia, Chipre, Romênia, Bulgária e Eslováquia temem que o caso de Kosovo possa servir de precedente para outras regiões separatistas no mundo e em seus próprios territórios.
O governo do País Basco – região autônoma da Espanha onde atua o grupo separatista ETA – divulgou um comunicado, no domingo, referindo-se a Kosovo como “um novo exemplo de vigência do direito democrático à livre determinação modelado na legislação internacional”.
Grécia se colocou ao lado de Chipre, que pretende evitar possíveis problemas com o norte da ilha, ocupado pela Turquia desde 1974. Já na Romênia, há apreensão em relação a uma minoria separatista pró-russa na Moldávia, ao leste do país.
Ao mesmo tempo, a Rússia defende que o reconhecimento de um Kosovo independente abriria espaço para reivindicações semelhantes por parte das repúblicas autônomas de Abkázia e Ossétia do Sul, na Geórgia.
Para o embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, “não está claro qual poderia ser o fundamento legal para o reconhecimento dessa declaração unilateral de independência”.
Futuro Ao chegar à reunião em Bruxelas, o alto representante da UE, Javier Solana, voltou a pedir “responsabilidade” a todas as partes em Kosovo.
Em relação ao reconhecimento da independência, a UE deu carta branca a seus países membros e não se espera uma posição comum do bloco.
Mas os ministros do Exterior europeus deverão assinar nesta segunda-feira uma declaração na qual defendem que o antigo status de Kosovo é “inaceitável” e que a UE apóia “um Kosovo democrático e multiétnico” em que (a UE) pretende ter “um papel de liderança” para ajudar a estabelecer a democracia.
Nessa reunião o bloco deverá chegar a um acordo apenas em relação à missão de 1,8 mil policiais e juízes que pretende enviar nos próximos dias para substituir a missão da ONU que administra a antiga província sérvia desde 1999.
U.Seg