Centenas de milhares de xiitas encheram as ruas de um distrito de Bagdá nesta sexta-feira, dia sagrado para os muçulmanos, para demonstrar apoio ao Hezbollah, num sinal de que o ódio árabe contra Israel cresceu desde o iniciou do atual conflito no Oriente Médio. Tais protestos chegaram até mesmo à Arábia Saudita, onde o descontentamento público é raro.
Manifestantes também tomaram as ruas de Damasco e Cairo, mas seus números foram diminuídos pela manifestação massiva em Bagdá, organizada pelo clérigo radical antiamericano Muqtada al-Sadr.
Milhares de apoiadores de Al-Sadr em todo o Iraque convergiram para o distrito da capital Sadr City, entoando gritos de “Morte a Israel, Morte à América” e mostrando cartazes de apoio ao líder do grupo, Sheik Hassan Nasrallah, na maior manifestação pró-Hezbollah desde o começo dos ataques israelenses contra os guerrilheiros no Líbano, em 12 de julho.
O protesto correu de maneira pacífica – uma conquista memorável em uma cidade em que ataques a bombas e tiroteios mergulharam a capital iraquiana em uma crise de segurança. Sadr City está sob o controle efetivo do Exército de Mahdi, milícia de Sadr, que mantém sua própria rede de segurança.
Pelo menos cinco membros do Parlamento iraquiano do movimento de al-Sadr compareceram à manifestação, mas o próprio jovem clérigo não estava lá, presumivelmente devido a preocupações com a sua segurança.
Arábia Saudita
Centenas de xiitas sauditas marcharam pelas ruas durante os últimos três dias no município de al-Qatif, na região da costa do Golfo, onde há uma alta concentração de xiitas.
Israel lançou sua campanha militar depois que guerrilheiros xiitas capturaram dois soldados israelenses e mataram outros três na fronteira de Israel. Líderes sauditas fizeram uma declaração censurando o grupo por “aventuras não-calculadas”, e um popular clérigo sunita chegou a divulgar um edital religioso afirmando que os muçulmanos não possuem relação com o Hezbollah.
Mas com o índice de mortos de civis no Líbano chegando a centenas e cerca de um milhão de pessoas – um quarto da população do país – desabrigada, o governo voltou atrás, permitindo até mesmo raras demonstrações em favor do Hezbollah.
Os xiitas sauditas constituem 12% dos 27 milhões de cidadãos do país. O apoio ao Hezbollah cresceu entre os sunitas, apesar das tensões entre as duas facções devido as lutas sectárias que atingem o Iraque.
No resto do mundo muçulmano
Em Damasco, cerca de 500 manifestantes do Partido Comunista Sírio organizaram uma manifestação em frente a um sindicato na capital síria para expressar apoio ao Líbano.
Cerca de 5 mil egípcios, a maioria seguidores do principal grupo de oposição Irmandade Islâmica, se reuniram dentro da mesquita de Al-Azhar, a mais proeminente instituição sunita no mundo árabe. Milhares de outros apoiadores da Irmandade Islâmica marcharam em três outras cidades egípcias.
Em Teerã, capital do Irã, cerca de cem manifestantes atiraram pedras e bombas incendiárias contra a Embaixada Britânica, causando danos ao prédio, mas sem deixar feridos. Os revoltosos acusavam a Inglaterra e os Estados Unidos de serem cúmplices na luta de Israel contra o Líbano.
Eles também quebraram janelas, pedindo o fechamento e a expulsão do embaixador britânico.
Na Tanzânia, milhares de pessoas protestaram no arquipélago de Zanzibar e na capital comercial do país. Os manifestantes, organizados por diversos grupos muçulmanos, marcharam através das ruas de Zanzibar e Dar es Salaam, levando cartazes de apoio aos libaneses, pôsteres do líder do Hezbollah e bandeiras palestinas, libanesas e israelenses.