A ministra da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na tarde dessa sexta-feira, para pedir seu desligamento do ministério depois de ser acusada de usar o cartão de crédito corporativo do governo indiscriminadamente e para compras não previstas em lei.
Na carta que entregou ao presidente e leu na entrevista coletiva logo depois, a ministra admitiu o erro no uso do cartão corporativo e disse que havia sido orientada por sua assessoria a pagar hospedagens, alimentação e aluguel de veículos com o cartão governamental. Ela disse ainda que as atividades da secretaria a obrigavam a fazer constantes viagens para fora de Brasília.
Matilde já admitiu que fez pelo menos uma compra pessoal com o cartão governamental em um free shop, em agosto do ano passado, no valor de R$ 461,16. Ele disse que foi um engano e devolveu o dinheiro para os cofres públicos neste mês.
A situação política da ministra piorou quando ela tentou explicar os gastos para os ministros da Comunicação Social, Franklin Martins, a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o ministro das Relações Institucionais, José Múcio.
Os colegas viram que ela dificilmente teria como se defender dos ataques políticos que surgiriam no Congresso. No ano passado, ela gastou mais de R$ 171 mil com o cartão corporativo.
Na quinta-feira, ela permaneceu reunida com todos os seus assessores para tentar dar explicações públicas sobre os gastos, mas acabou preferindo sair do governo para se defender e evitar problemas para o governo no Congresso.
O governo reagiu rápido desde que os gastos dos ministros com cartão corporativo começaram a ser descritos pela imprensa. Na quinta-feira, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e o ministro chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, divulgaram novas regras para o uso do cartão e a limitação para saques na boca do caixa.
Com o pedido de demissão de Matilde, o governo deve impedir a abertura de uma CPI no Congresso para investigar os gastos.
Redação Terra