quarta-feira, 30/10/2024
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Entrevista: Desafios e perspectivas do setor de biotecnologia em Mato Grosso: o que esperar para os próximos anos?

Uma nova alternativa é a biodigestão da biomassa residual para produção de biogás, que pode ser utilizado como combustível renovável

À medida que o setor de biotecnologia em Mato Grosso continua crescendo, surgem questionamentos sobre os desafios a serem enfrentados e as oportunidades que se abrem para as empresas da região. Como lidar com a distância dos grandes centros de pesquisa, expandir a produção de bioprodutos como a glicerina e explorar o potencial de exportação são apenas alguns dos temas em destaque da entrevista feita com o presidente novo do Sindicato das Indústrias de Biodiesel no Estado de Mato Grosso (Sindibio-MT), Henrique Mazzardo.

P: Quais são as perspectivas do setor em Mato Grosso para os próximos anos?

R: As perspectivas são bastante promissoras, impulsionados por fatores como a alta disponibilidade e diversidade de matérias-primas, o aumento da demanda por combustíveis renováveis, o espírito empreendedor de nosso empresariado e o apoio governamental para energias mais sustentáveis. Não temos dúvida de que alcançaremos posições invejáveis de maiores produtores de biodiesel do Brasil e do mundo. O aumento da demanda por combustíveis renováveis, juntamente com políticas de descarbonização, agora afirmada com a sanção da PLP 528/2020, denominada “Combustível do futuro”, que cria previsibilidade ao setor, a agenda de sustentabilidade e a necessidade de redução das emissões de Gases de Efeito Estufa – GEE, são fatores-chaves. as relações e atrair investimentos.

  1. O Brasil, com sua capacidade de produção e fornecimento, vem aumentando a mistura obrigatória de biodiesel no óleo diesel fóssil, que atualmente está em 14%, chegando a 15% em 2025 e assim por diante até atingir 20% em 2030, podendo aumentar para 25% a partir de 2031, de acordo com definição do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) o que amplia o mercado para o biodiesel. A própria mistura de Biodiesel no óleo diesel fóssil em 14% mostra um avanço significativo, indicando um compromisso ainda maior com a sustentabilidade e a redução de emissões no setor de transportes.

Não podemos deixar de destacar a importância dos incentivos governamentais para investimentos em programas de incentivo fiscal e financiamentos. Expansão da Infraestrutura, mais um ponto positivo que ajuda o desenvolvimento do país com a necessidade de investimentos em logística e armazenamento. Com essas condições favoráveis, o setor de Biodiesel em Mato Grosso está bem posicionado para crescer nos próximos anos, consolidando-se como um dos principais polos de biocombustíveis do Brasil.

P: Quais são os principais desafios enfrentados pelo setor de biotecnologia em Mato Grosso e como o sindicato pretende lidar com eles?

R: Entendemos que os desafios enfrentados por Mato Grosso estão na distância dos grandes centros de pesquisa, porém temos uma capacidade de desenvolver tecnologias avançadas em biotecnologias. Um exemplo disso, vem do próprio biodiesel, que teve seus primeiros projetos de desenvolvimento e testes feitos produtores rurais com o uso de óleos vegetais, com pouca tecnologia de produção e que posteriormente veio a ter o apoio de pesquisadores da Universidade Federal. O Sindibio-MT sempre esteve apoiando e acreditando que com incentivos governamentais e a pujança de nosso empresariado, podemos superar os desafios naturais em se trabalhar com pesquisa e desenvolvimento, capacidade temos, precisamos buscar novas fontes de incentivos.

P: Quais são os subprodutos mais promissores da indústria da indústria de biotecnologia em Mato Grosso atualmente?

R: Os subprodutos mais promissores da indústria de biodiesel em Mato Grosso atualmente são, em grande parte, derivados do processamento de oleaginosas, especialmente soja, com mais de 76% da produção. A glicerina bruta, por exemplo, pode ser utilizada na produção de produtos químicos, enquanto a glicerina refinada tem usos mais amplos, incluindo aplicações nas indústrias farmacêutica, cosmética e alimentícia. O mercado de glicerina é bastante promissor devido à sua versatilidade e valor agregado, o que faz com que a nossa indústria de biodiesel possa crescer ainda mais.

Já o farelo, que é rico em proteínas, pode acompanhar o aumento da demanda por ração animal e a disponibilidade que a indústria de biodiesel entrega ao mercado. Esse subproduto se torna cada vez mais importante para a estabilidade dos preços da carne para o consumidor final. Além disso tem a soja, o algodão, o girassol e a canola, que também geram tortas e são utilizadas como suplementos proteicos na alimentação animal. Tem também a queima controlada da biomassa que fornece calor para a produção de energia elétrica, sendo uma forma de aproveitamento integral dos resíduos. Uma nova alternativa é a biodigestão da biomassa residual para produção de biogás, que pode ser utilizado como combustível renovável.

A água residual do processo de produção de Biodiesel, sendo tratada, pode ser reutilizada em atividades agrícolas, especialmente em regiões com restrição hídrica, sendo que se trata de um subproduto que permite a economia de água e o aproveitamento de nutrientes presentes nos efluentes.

  1. Esses subprodutos trazem oportunidades de diversificação econômica e promovem um ciclo de produção mais sustentável, aproveitando ao máximo os resíduos do Biodiesel e da indústria de matérias primas que, a cada aumento de mistura, vai agregando valor à cadeia produtiva em Mato Grosso.

P: Como o SindiBio-MT pretende fomentar a produção de bioprodutos, como a glicerina?

R: A questão passa por negociações na defesa dos interesses das associadas junto aos órgãos e empresas que se interessem em juntar forças às nossas indústrias. O Sindibio-MT, assim como as demais instituições associativas, busca defender o interesse de cada associada, como os incentivos necessários e cada vez mais a diversificação em pesquisas que possibilitem a melhoria do processo produtivo para disponibilizar subprodutos advindos da produção de biodiesel.

P: Como é visto ou será tratado o processo de internacionalização das empresas do setor? Todas estão aptas ou dispostas e comprar e vender para o exterior?

R: Este é um importante ponto que certamente as usinas do setor devem estar voltando seus planejamentos a curto e médio prazo. Destacando que a abertura de mercados para exportação de biodiesel pelas indústrias de Mato Grosso passa por processos alinhados primeiramente com o atendimento ao mercado interno. Porém, devemos levar em consideração a ocupação de mercado primeiramente pelas produtoras mais próximas dos portos que, por sua vez, abrirão espaço nos mercados consumidores do Brasil.

Essas empresas possuem um forte potencial de exportação, especialmente para mercados que estão adotando metas ambientais rigorosas, como a União Europeia, sendo que com o aumento da demanda global por biocombustíveis abrirão cada vez mais novas oportunidades de negócios internacionais.

A entrevista consta no boletim Comex Mato Grosso, elaborado mensalmente pela Gerência de Internacionalização do Sistema Federação das Indústrias de Mato Grosso.

Por Viviane Lessa – Fiemt 

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Parmenas Alt
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