A polícia ainda não conseguiu desvendar um mistério que deixou intrigada a família da adolescente Gabrielli dos Santos, de 17 anos. Descobrir como uma cópia da identidade de Gabrielli, provavelmente uma segunda via do documento, com foto e impressão digital originais, foi parar nas mãos do despachante Elmo Zaniel Antônio da Silva, um dos presos por falsificações de documentos de carros na operação Casa de Abelhas, deflagrada na semana passada, que investiga fraudes em no Detran.
O nome de Gabrielli estava sendo usado como “laranja” para transferências clonadas de carros de outros estados para Mato Grosso e vice-versa. As suspeitas são de que pelo menos seis carretas que somente existiriam no papel estejam registradas no nome da garota.
O envolvimento da adolescente na quadrilha surgiu com as primeiras prisões efetuadas pela Delegacia de Polícia Fazendária. Há uma semana, na quarta-feira passada, Gabrielli surpreendeu-se ao ver, por uma reportagem exibida numa emissora de tevê, sua identidade entre os documentos apreendidos com o despachante.
“Corre aqui, sua foto está aparecendo na tevê”, gritou a empregada para Gabrielli. Na Delegacia de Polícia Fazendária, a empresária Silene dos Santos, mãe de Gabrielli, relatou o fato à delegada Alana Cardoso por quem foi orientada a registrar um boletim de ocorrência na Delegacia Metropolitana como forma de proteger a filha de possiveis implicações legais.
Silene disse que a única diferença entre o documento apreendido e a identidade usada por Gabrielli é a data de nascimento. Ao invés de 17, na falsificação a adolescente já atingiu a maioridade, estaria com 18 anos.
A foto que está no RG seria, conforme Silene, uma das que a adolescente tirou aos 15 anos para fazer o passaporte – ela ganhou uma viagem à Disney de presente de aniversário.
Gabrielli disse que as fotos que sobraram, não saberia quantificar se quatro ou mais, distribuiu para amigas e amigos. Entretanto, ela e sua família não conhecem nenhum dos presos ou citados nas investigações da Casa da Abelhas.
Como Gabrielli, segundo relato dela e da mãe, nunca perdeu a identidade e tampouco solicitou segunda via. Além de registrar o boletim de ocorrência, como orientou a delegada, Silene está adotando outras medidas no sentido de descobrir como a foto e o documento foram para nas mãos do despachante Elmo Silva. E ainda, até que ponto o nome da filha está implicado nas ações da quadrilha.
Para essa missão, Silene contratou um advogado amigo de sua família que acompanhará o trâmite do inquérito sobre o caso. Preso desde terça-feira, dia 25, ontem a delegada Alana Cardoso interrogou Elmo Silva pela segunda vez.
Mais uma vez, Elmo negou envolvimento em falsificações e disse que não sabe como a identidade de Gabrielli foi parar na casa dele. Conforme Alana Cardoso, o despachante também não sabe sobre registro de carros em nome da adolescente.