A polícia vai investigar o envolvimento dos seguranças com a venda de drogas no sítio Happy Land, que recebeu a festa de música eletrônica “Tribe” no último sábado, em Itaboraí, na região metropolitana do Rio, de acordo com informações da rádio “CBN”. Durante a festa, o jovem L.F.A.M. de 17 anos morreu com suspeita de intoxicação por consumo excessivo de álcool e drogas. Segundo o delegado Antônio Ricardo Nunes, a segurança pode ser indiciada por associação com o tráfico de drogas e a organização da festa poderá responder por homicídio doloso.
O sítio Happy Land foi interditado durante 30 dias, para evitar a realização de outro evento do mesmo tipo no próximo dia 10 de dezembro. Durante uma inspeção realizada no local, policiais da 71ª Delegacia de Polícia, de Itaboraí, confirmaram que houve consumo de álcool e drogas por parte dos freqüentadores da festa. A polícia encontrou cocaína dentro de um dos banheiros do sítio.
O delegado ouviu os primeiros depoimentos sobre a morte do jovem. Segundo ele, está claro que houve omissão por parte dos organizadores e da equipe de segurança para reprimir o uso de drogas.
Antônio Nunes informou, no entanto, que a No Limits, que organizou o evento, preencheu todos os requisitos legais para a realização da festa. “Os organizadores da festa podem ser indiciados por homicídio doloso. Nós investigamos a possível participação dos seguranças com a comercialização de entorpecentes. Eles poderiam ser indiciados por associação com o tráfico de drogas e tráfico de drogas”, declarou.
Intoxicação e morte
O corpo de L.F.A.M., de 17 anos, foi enterrado às 18h da última segunda-feira, no cemitério vertical Memorial do Carmo, no Caju, região central do Rio. Ele deu entrada no Hospital Estadual Prefeito João Batista Caffaro no domingo à tarde em estado de coma. De acordo com a polícia, o menor entrou na festa após apresentar uma carteira falsa da faculdade de medicina da UFRJ e havia dito para os pais que viajaria com amigos para Angra dos Reis, na Costa Verde fluminense.
Segundo o laudo de atendimento do hospital, ele estava desidratado, hipotenso, midriático, e apresentando crise convulsiva, que evoluiu para ventilação mecânica e parada cardíaca. Os médicos ainda fizeram manobras de ressuscitação, mas o jovem não resistiu.
De acordo com a secretaria estadual de Saúde, outros 17 jovens foram atendidos no hospital durante a rave. Todos eles foram diagnosticados com intoxicação exógena, devido ao consumo de álcool e substâncias entorpecentes.
Dois jovens atendidos no hospital continuam internados em estado grave. O estudante de medicina Benjamin Gonçalves, de 21 anos, está internado deste ontem no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) em coma alcoólico, com quadro grave de desidratação e apresentando crises convulsivas. Segundo a secretaria estadual de Saúde, ele foi entubado e seu estado de saúde é considerado estável.
Felipe Sardenberg Antunes, de 19 anos, foi atropelado por uma carreta ao sair da festa e foi socorrido pelos bombeiros. Ele chegou ao hospital às 18h30 de ontem, com traumatismo craniano e fratura clavicular. Durante a madrugada, Felipe foi transferido para o Hospital das Clínicas de Niterói, onde permanece em estado grave.
Posição dos organizadores
A festa Tribe que aconteceu no último sábado é uma das mais conhecidas festas de música eletrônica do país. A edição deste fim de semana comemorava o aniversário de 10 anos da gravadora de música eletrônica Hommega Records.
Procurada pela redação do Último Segundo, a empresa No Limits, que organiza a Tribe, lamentou a morte do jovem, mas afirmou que não tem responsabilidade sobre o possível consumo de drogas ou álcool.
“Nós sempre exigimos o RG original. Mas como temos um fluxo de pessoas de seis mil pessoas pelo local do evento, este caso pode ter passado despercebido. Foi uma fatalidade. O jovem passou mal durante a festa e foi prontamente atendido e levado para o hospital. Nós demos atendimento, mas estão querendo que a organização se responsabilize por fatos que não temos como controlar” declarou a organização.