O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou na tarde desta quinta-feira asfastamento do seu cargo na Casa. O recesso do presidente da Casa será de 45 dias e quem assumirá seu lugar é o senador Tião Viana (PT-AC). A decisão foi tomada em uma reunião na madrugada de hoje em que estavam presentes o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), o governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB-AL), além de assessores.
Renan Calheiros esteve em sua casa em Brasília durante toda a tarde e recebeu visitas. Por volta de 17 horas, o presidente do Senado deixou sua residência e foi para o Senado Federal.
A licença da Presidência tenta amenizar o clima na Casa e facilitar a tramitação da Proposta de Emenda Constitucional que prorroga a CPMF.
Para Renan, o objetivo é sair do foco das denúncias e aumentar suas chances no Conselho de Ética e no Plenário do Senado.
Renan responde a três processos no Conselho de Ética porque teria feito lobby para a cervejaria Schincariol, utilizado laranjas para comprar veículos de comunicação e participado de um esquema de desvio de recursos em ministérios do PMDB. Existe ainda uma nova denúncia de que ele teria montado uma rede de arapongagem contra colegas, que ainda se encontra na Mesa Diretora. O peemedebista foi absolvido da primeira acusação, de que teria contas pessoais pagas por um lobista.
Leia o pronunciamento na íntegra
“Na noite de hoje, decidi me licenciar da Presidência do Senado Federal, pelo prazo de 45 dias, a fim de demonstrar, de forma cabal e respeitosa, à Nação e a todos os ilustres senadores, que não precisaria do cargo para me defender. Agindo assim, afasto, de uma vez por todas, o mais recente e injusto pretexto usado para tentar dar corpo à inconsistência das representações enviadas, sem qualquer indício ou prova, ao Conselho de Ética.
Com este meu gesto, que é unilateral, preservo a harmonia no Senado Federal, deixo claro o meu respeito pelos interesses do País e homenageio as altas responsabilidades das funções que exerço, contribuindo decisivamente para evitar a repetição dos constrangimentos ocorridos na Sessão do dia 09 de outubro.
Reafirmo que enfrentarei os processos, como fiz até agora, à luz do dia, com dignidade e sem subterfúgios. Não lancei mão das prerrogativas de Presidente do Senado em meu benefício ou contra quem quer que seja. A minha trincheira de luta sempre foi a inflexível certeza da inocência, a qual, estou convicto, prevalecerá com a verdade, como aconteceu na minha absolvição.
O poder é transitório enquanto a honra é um bem permanente, que não sacrifico em nome de nada. Resistirei firme na minha defesa, honrando a confiança da minha família, do povo de Alagoas, dos meus amigos, dos meus colegas do Senado Federal e daqueles que, mesmo sem me conhecer, com seu apoio e suas mensagens e orações me deram forças. A estes certamente não decepcionarei.
Aguardarei serenamente que a Justiça e verdade prevaleçam.
Brasília-DF, 11 de outubro de 2007.
Senador Renan Calheiros”
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