Policiais da Delegacia do Meio Ambiente (Dema) prenderam o estagiário da Secretaria Estadual de Meio Ambiente acusado de fornecer a senha do banco de dados florestais do órgão ao grupo que fez inserção de crédito virtual e vendeu entre R$ 15 e 20 milhões de madeira extraída ilegalmente. O nome do rapaz não foi divulgado porque o processo segue em segredo de justiça.
O jovem, um universitário de 23 anos, recebeu um veículo importado da marca Audi, avaliado em R$ 50 mil, como pagamento. Na Dema, o estagiário contou que demorou cinco dias para copiar os números da senha. Para obtê-los, acompanhou de perto o trabalho da funcionária que detinha a informação.
O estagiário é o sétimo preso da quadrilha descoberta pela operação “Caça-Fantasmas” da Polícia Civil. Ele trabalhou por apenas seis meses na Sema, tempo do contrato firmado com o órgão, e havia deixado a Secretaria há 20 dias, quando seu envolvimento foi descoberto.
O grupo, cujo tamanho nem o delegado responsável pelas investigações, Giamarco Paccola Capoani, soube dimensionar, incluiu no banco de crédito florestal da Sema 188,4 mil metros cúbicos de madeira para legalizar transações comerciais e o transporte do produto dentro e fora do Estado para pelo menos 11 madereiras sediadas em Mato Grosso.
Conforme estimativa do delegado Capoani, se conseguisse vender esse volume de madeira, o bando faturaria R$ 200 milhões. Tanto o Audi quanto uma F-250, avaliada em R$ 60 mil, que também foi entregue como pagamento a outro membro da quadrilha, supostamente o técnico em informática que invadiu o Sistema de Comercialização de Produtos Florestais (Sisflora), foram apreendidos pela Delegacia do Meio Ambiente.
NA BOATE – A polícia descobriu ainda que, depois de receber altas cifras com a venda de madeira ilegal, dois envolvidos nas falsificações passaram a noite fazendo farra numa boate de prostituição da Capital, onde gastaram cerca de R$ 13 mil.
O mentor do esquema, porém, continua foragido e a polícia sequer descobriu sua identidade. Sabe-se apenas que ele assumiu o compromisso junto aos madereiros envolvidos de identificar a senha, contratar o técnico em informática que faria a inserção dos créditos florestais no Sisflora.
Essa é a terceira operação desencadeada pela Polícia Civil em menos de dois anos com o mesmo enfoque. As duas primeiras, Angico e Guilhotina, prenderam dezenas de pessoas pelo mesmo motivo, ou seja, fraude no banco de recursos florestais da Sema. Para inserir crédito no Sisflora, é necessária a elaboração de projeto e obtenção de autorização para extração e comércio da madeira.
DC