A Assembléia Legislativa de Mato Grosso tomou a iniciativa de apresentar para o Governo Federal a alternativa de absorção do gás natural produzido pela Petrobrás, na Bacia Solimões (AM), onde funciona o gasoduto na Reserva de Urucu.
A malha do gasoduto Mercosul incluiria em seu trajeto original (Amazonas, Acre e Rondônia) o Estado de Mato Grosso, com a criação de novas bases de produção em Cuiabá, Nobres, Rondonópolis e Cáceres.
A nova rota foi idealizada pelo coordenador de Assuntos de Infra-estrutura da Associação Brasileira dos Engenheiros Civis (Abenc), Edno Claro de França Barreto. Ele sugeriu estudos sobre o assunto, durante a reunião de trabalho da Câmara Setorial Temática de Energia e Mineral, instalada e presidida pelo deputado estadual Humberto Bosaipo (DEM).
De acordo com Barreto, em Urucu tem-se uma produção de gás natural de 10 milhões de m³ por dia e uma vazão e um milhão de m³, que retornam à mina para não serem desperdiçados. “Poderíamos estar aproveitando todo esse potencial e transformando isso em energia limpa para vários setores”, alertou o engenheiro.
O projeto prevê que o gás saia de Urucu, passe por Porto Velho (RO) com derivação no Rio Branco (AC) e prossiga para as cidades de Cuiabá (Usina Termoelétrica), Nobres, Rondonópolis e Cáceres, ambas em Mato Grosso, onde o produto será transformado em energia para atender a demanda das indústria já instaladas e outras com perspectivas de entrarem no estado. “Estamos com sérios problemas com a Bolívia na distribuição do gás natural e o assunto é urgente”, disse Bosaipo.
O deputado aproveitou para anunciar a próxima reunião na sede da Rede Cemat com os parceiros envolvidos, como a própria Cemat, a Fiemt, geólogos e outros setores, além da necessidade de uma audiência pública com representantes da Comissão de Infra-estrutura do Senado e da Eletronorte, tendo ainda, a participação de deputados da Assembléia Legislativa de Rondônia. Bosaipo demonstrou preocupação com o impasse entre a Bolívia e o brasil para a distribuição do gás natural, que até então, atendia ao consumo brasileiro. “O Governo boliviano não tem cumprido com as normas do contrato, além de endurecer para alterar os valores”, criticou o deputado.
De acordo com Edno Barreto, o gás excedente de Urucu colocará Mato Grosso no sistema nacional com uma produção de energia de 500 megawatts, sendo distribuída para o restante do país. Segundo o engenheiro, o Brasil produz gás em quantidade de cinco vezes a mais que a ofertada pela Bolívia. Edno Barreto defendeu também a unificação dos contratos que a Petrobrás tem com a Bolívia para a distribuição do gás em Mato Grosso e em outras regiões do Brasil. “A Petrobrás tem que unificar o contrato, porque ficamos dependente de majorações de preços do produto como está ocorrendo. Não podemos ter dois contratos diferentes no país e Mato Grosso sai perdendo”, disse Edno.
Uma outra opção apresentada pelo palestrante é a negociação do gás natural do Peru. Nos estudos de Edno Barreto, o Brasil pode implantar a distribuição do gás natural internamente, já nos próximos dois anos em função de não haver problemas de impacto ambiental nas regiões avaliadas.