Presidente do Banco Central explica que necessidade de renda extra gera desconfiança no mercado acerca do cumprimento das regras fiscais
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira, 28, estar preocupado com os esforços do governo federal em subir a receita, pois, segundo ele, essa iniciativa pode trazer alguns problemas duradouros, como mostra a experiência de alguns países vizinhos na América Latina. “Existe uma preocupação porque, em alguns lugares, a corrida por arrecadação acabou gerando inflação de base. A gente tem um exemplo aqui do lado que é o da Argentina“. Para o economista, esta grande necessidade de aumento de arrecadação gera uma desconfiança do mercado acerca da promessa do governo em cumprir as suas metas fiscais. Apesar de considerar o que o aumento é necessário, o presidente desconfia sobre o impacto disso na economia nacional, já que o Brasil tem uma carga tributária muito elevada.
Durante o seu painel no Warren Institutional Day, em São Paulo, Campos Neto também salientou que o Brasil pode ter crescimento de gastos maior do que a média global. “Em parte, esse é um problema estrutural, que não é deste governo, não é do governo anterior”, afirmou. Campos Neto ainda comentou a última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) que decidiu reduzir a taxa básica Selic. A votação foi bastante acirrada e coube ao presidente o voto decisivo pela queda. Sobre o episódio, Campos Neto comentou que esse impasse estava dentro do esperado, dada o histórico dos encontros.
jOVEMpAN