Polícia Federal investiga suposto esquema de venda ilegal de presentes ofertados à Presidência da República durante sua gestão, com participação de pessoas próximas ao ex-presidente
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) emitiu uma nota para falar sobre a operação da Polícia Federal que investiga suposto esquema internacional de venda de joias e relógios ofertados à Presidência da República durante sua gestão. Nesta sexta-feira, 11, a PF cumpriu mandado de busca e apreensão contra Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o advogado Frederick Wassef, que já defendeu o ex-mandatário, o general Lourena Cid, pai de Mauro, e o tenente e Osmar Crivelatti. Os quatro são suspeitos de tentar vender ilegalmente joias e relógios — entre eles um Rolex em ouro branco e um Patek Philippe — que haviam sido dados ao ex-chefe de Estado. Diz a lei que esses presentes não pertencem ao ocupante vigente do Palácio do Planalto, mas à instituição (no caso, a Presidência). Segundo a decisão de Alexandre de Moraes, baseada em relatório da PF, há indícios de que Bolsonaro tem relação com o esquema — a Polícia Federal, inclusive, pediu ao STF a quebra de sigilo bancário do antigo chefe do Executivo. Ele nega.
“Sobre os fatos ventilados na data de hoje nos veículos de imprensa nacional, a defesa do presidente Jair Bolsonaro, voluntariamente e sem que houvesse sido instada, peticionou junto ao TCU — ainda em meados de março, p.p. —, requerendo o depósito dos itens naquela Corte, até final decisão sobre seu tratamento, o que de fato foi feito. O presidente Bolsonaro reitera que jamais se apropriou ou desviou quaisquer bens públicos, colocando à disposição do Poder Judiciário sua movimentação bancária”, diz o comunicado assinado pelos escritórios de advocacia D.B. Tesser e Paulo Amador Cunha Bueno.
Como a Jovem Pan mostrou, a PF esquadrinhou trocas de mensagens, viagens aos Estados Unidos e até sites de leilões. “Constatou a Polícia Federal que ‘o número de série do relógio anunciado no site https://www.liveauctioneers.com/ é o mesmo número registrado no acervo privado do ex-Presidente da República JAIR BOLSONARO, recebido em 29 de novembro de 2022, por meio do processo SEI 08500.018470/2023-03’, concluindo, assim, que o conjunto de joias recebido pelo então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, após viagem à Arábia Saudita, em outubro de 2021, foi submetido à venda, mediante leilão nos Estados Unidos da América”, diz trecho do extenso documento que embasou o pedido de busca e apreensão. Em março, depois que veio à tona o caso das joias sauditas, o Tribunal de Contas da União resolveu cobrar a devolução do material para o acervo público. Cid, então, comandou uma operação de resgate dos bens, com ajuda do pai e de Wassef.
JovemPan