O novo medicamento bloqueia a inserção de vírus no corpo, além de compor os medicamentos do PrEP
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou o registro do primeiro medicamento injetável para a prevenção contra o HIV, o Apretude (cabotegravir). O antiviral é da classe dos inibidores da enzima integrase, ou seja, faz com que o DNA viral do HIV não se insira no DNA humano. Dessa forma, ele evita a replicação ou reprodução do vírus no sistema, inibindo a capacidade de infecção de novas células.
A medicação injetável vem como uma alternativa a profilaxia pré-exposição, mais conhecida como PrEP. O medicamento que já é liberado no Brasil, faz com que seja necessário tomar diariamente os comprimidos, fazendo com que o organismo se prepare para enfrentar um possível contato com o vírus. O medicamento é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2017, e possui a combinação de dois antirretrovirais — o tenofovir e a entricitabina.
O PrEP é indicado a pessoas não infectadas e que são sexualmente ativas, sendo destinadas a populações com maiores chances de serem expostas ao HIV, por diferentes contextos sociais. Atualmente no Brasil, são considerados os profissionais do sexo, pessoas que usam drogas, gays, mulheres trans e travestis, além de casais sorodiscordantes — casais que uma é soropositivo e o outro não. Vale ressaltar que o PrEP não protege de outras ISTs (infecções sexualmente transmissíveis).
Há duas forma de seguir o tratamento utilizando o PrEP no Brasil: a primeira tomando o medicamento diariamente e a segunda quando a pessoa foi supostamente exposta ao vírus.
As orientações são de que devem ser ingeridos dois comprimidos entre 2 e 24 horas antes da relação sexual, um comprimido 24 horas após a primeira ingestão e mais um 24 horas depois da segunda ingestão. Essas orientações são indicadas para pessoas que possuem uma frequência sexual menor que 2 vezes por semana, e que consigam planejar quando elas irão ocorrer.
O Ministério da Saúde ainda alerta que a medicação só possui efeito se utilizado da maneira orientada pelos especialistas da saúde, podendo não funcionar caso não sigam as orientações. Além disso, é imprescindível que o medicamento seja destinado para pessoas soronegativo: “Para a indicação do uso de qualquer terapia PrEP, deve-se excluir, clínica e laboratorialmente, o diagnóstico prévio de infecção pelo HIV”.
À Agência Brasil, o coordenador-geral da organização não governamental GTP+, Wladimir Cardoso Reis disse que a PrEP é uma opção que facilita a prevenção: “Só tínhamos a camisinha como estratégia. Por isso, a PrEP está sendo bem acolhida. A gente tem percebido isso entre casais hétero e bi, travestis, transsexuais e gays”.
Ele ainda diz que a aprovação do Apretude pela Anvisa, assim que incorporado ao SUS, facilitará o acesso à PrEP, já que não haverá a necessidade de deslocamento diário para tomar o remédio.
“Esse é um momento importante de a gente divulgar isso junto a populações com menos condições sociais e de ter serviços que atendam a essas populações e disponibilizem a PrEP. Afinal, você já vai estar protegido antes mesmo de ter a relação sexual. Facilita muito”.
“O país inteiro precisa estar mobilizado, isso precisa ser divulgado cada vez mais. Divulgar entre os pares, entre as pessoas. Falar de sexo ainda é algo muito conservador no nosso país. Quanto mais divulgada a PrEP, a implementação vai ser cada vez mais saudável e presente na vida sexual do povo brasileiro”, disse.
ig