O cigarro pode não ter cura. A conclusão alarmante foi divulgada por um grupo de cientistas canadenses no mês passado. Segundo estudo publicado na revista especializada ‘BMC Genomics’, o cigarro afeta a saúde de forma tão avassaladora que deixa marcas definitivas nos genes de quem fuma, mesmo após décadas de abandono do hábito.
O resultado mostra que, com o pulmão, os índices das substâncias cancerígenas não reduzem com o passar do tempo, ao contrário de outras doenças. As campanhas antitabagistas propagam que as possibilidades de infarto e de doenças cardíacas em ex-fumantes reduzem, depois de alguns anos sem o vício, para os mesmos níveis de quem nunca fumou. A nova pesquisa revela, porém, que quem começa a fumar não escapará do alto risco de ter câncer de pulmão.
Os cientistas, do Centro de Pesquisa do Câncer da Colúmbia Britânica, analisaram os genes de oito fumantes, 12 ex-fumantes (que largaram o hábito há mais de um ano) e quatro pessoas que nunca fumaram. Durante o estudo, verificaram quais genes são alterados enquanto há presença do fumo, quais voltam ao normal depois que a pessoa abandona o hábito e quais não voltam mais.
O resultado foi surpreendentemente negativo. Entre os fumantes ativos, quase todos os genes dos brônquios dos pulmões têm a expressão alterada. Nos ex-fumantes (todos passaram mais de 30 anos fumando pelo menos um pacote por dia), os cientistas encontraram 124 genes em condição irreversível.
Só existe uma receita: não começar a fumar. E não é só pelo resultado do estudo dos cientistas canadenses.
Além de não impedir os efeitos do tabaco nos genes, os ex-fumantes encontram outros obstáculos quando tentam largar o cigarro. Os efeitos da abstinência do fumo são incômodos e aparecem rapidamente. Apenas algumas horas depois do último cigarro, o fumante já começa a se sentir ansioso e irritado, tem fortes dores de cabeça, insônia e dificuldade de concentração. Os sintomas demoram a passar, até que o organismo consiga viver sem a nicotina.
Por isso, o acompanhamento médico se torna indispensável. As especialidades médicas envolvidas no tratamento, no entanto, podem variar. Pneumologistas, cardiologistas, psiquiatras e clínicos gerais são os especialistas que podem tornar a tarefa de largar o vício do cigarro menos árdua. A ajuda que cada um pode fornecer varia. Um pneumologista concentra o tratamento na desintoxicação do pulmão, enquanto o psiquiatra pode apelar para antidepressivos.Independentemente da especialidade médica, o principal ingrediente do tratamento, concordam os médicos, é o encorajamento ao paciente. De acordo com números da Organização Mundial de Saúde (OMS), apenas 5% dos fumantes que tentam largar o cigarro sem acompanhamento médico têm sucesso. Deles, entre 0,5% e 5% não têm recaídas.
Com uma consulta ao médico, as chances de sucesso já duplicam, subindo para 10%. Se o acompanhamento do especialista não envolver o uso de remédios, as possibilidades vão para 15%. Com os remédios, a chance de largar o cigarro de maneira bem-sucedida vai para 30%.
FolUni