El-Baradei, que é iraniano, discordou da advertência feita pela França no domingo, dizendo que os franceses devem se preparar para a possibilidade de uma ação militar para suspender o enriquecimento de urânio no Irã, programa que países do Ocidente temem esconder um projeto para a fabricação de bombas atômicas.
As potências ocidentais estão irritadas com o novo acordo entre El-Baradei e o Irã, que exige que os iranianos respondam a perguntas sobre pesquisas nucleares do passado, mas que não trata campanha de enriquecimento de combustível atômico. Elas acham que o Irã pode estar iludindo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para ganhar tempo e dominar a tecnologia.
“Temos de ter calma e não fazer sensacionalismo com a questão iraniana”, disse o Nobel da Paz sobre a advertência do ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner de que o país precisava se preparar para a eventualidade de travar uma guerra com o Irã,. Ele comparou a situação com a preocupação com as armas de destruição em massa no Iraque antes da guerra, em 2003. Na ocasião, os EUA passaram por cima da AIEA e invadiram o país árabe com essa justificativa. As armas nunca foram achadas e a ocupação dura até hoje.
El-Baradei ressaltou que os investigadores da agência não encontraram nenhuma evidência de “armamentização” do enriquecimento de urânio, embora o Irã ainda esteja dificultando a realização de inspeções que descartariam totalmente a possibilidade.
É improvável que o conselho aprove uma ação desse tipo, embora os Estados Unidos já tenham acenado com uma ação unilateral.
“Peço a todos que segurem as pontas até que executemos o processo (de transparência)”, disse ele, lembrando que em novembro vai dizer aos membros da AIEA se o Irã está ou não honrando o plano.
“Se o Conselho de Segurança decidir adotar mais sanções, se achar que é uma forma de resolver a questão, é prerrogativa dele. Mas acho que sozinhas as sanções não levarão a uma solução durável”, disse ele.
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