Segundo a pesquisa publicada na Nature Scientific Reports
Cutucar o nariz, limpar o salão ou enfiar o dedo nas narinas para tirar uma “melequinha” sempre foi visto como uma atividade desagradável e nem um pouco higiênica. No entanto, novos estudos feitos pela Griffith University, da Austrália, sugerem que essa prática pode não ser tão “inofensiva” quanto acreditávamos anteriormente.
Segundo a pesquisa publicada na Nature Scientific Reports, danos na cavidade nasal de camundongos abriram espaço para que bactérias entrassem no cérebro através do nervo olfativo — algo que potencialmente também aconteceria com humanos. Uma vez no cérebro, certas bactérias estimulam a deposição da proteína beta-amiloide, ligada ao desenvolvimento da doença de Alzheimer.
Entrada pelo nariz
(Fonte: GettyImages)
O beta-amiloide é uma proteína que forma placas que acredita-se serem responsáveis por muitos sintomas do Alzheimer, como a perda de memória, problemas de linguagem e comportamento imprevisível. Mas como cutucar o nariz pode ser responsável por causar todos esses problemas?
O nervo olfativo é quem liga diretamente a cavidade nasal ao cérebro. Portanto, qualquer bactéria que entra no nervo olfativo pode, portanto, contornar a barreira hematoencefálica que os impede de chegar ao cérebro usando desse caminho. De acordo com o estudo australiano, a bactéria Chlamydia pneumoniae, causadora de infecções respiratórias, como a pneumonia, é uma das que usa esta via para obter acesso ao sistema nervoso central.
Para responder à invasão bacteriana, as células do cérebro passam a depositar a proteína beta-amiloide, que vai se acumulando em placas — uma característica da doença de Alzheimer. No entanto, os pesquisadores garantem que precisam de análises mais aprofundadas para estabelecer uma relação de causalidade.
Bactérias e distúrbios cerebrais
(Fonte: GettyImages)
Para entender o surgimento de distúrbios cerebrais, o estudo acrescentou evidências de várias outras pesquisas que sugeriram uma ligação entre patógenos e demência. Por exemplo, um estudo de 2008 feito por pesquisadores da Filadélfia sugeriu que a infecção pela bactéria C. pneumoniae pode desencadear a doença de Alzheimer de início tardio.
Dois anos depois, um artigo publicado na BMC Neuroscience relacionou a infecção por C. pneumoniae com a patogênese da doença de Alzheimer, encontrando a bactéria, depósitos de amiloides e emaranhados neurofibrilares juntos no cérebro de pessoas doentes.
Os pesquisadores acreditam que uma série de microrganismos pode contribuir para o aparecimento de distúrbios cerebrais, incluindo o vírus da herpes. Como as mãos humanas carregam uma grande quantidade de bactérias, enfiar o dedo no nariz seria uma forma de facilitarmos o surgimento de tais problemas.
Uma vez que a imunidade do indivíduo está debilitada e sua mucosa danificada, os micróbios ganham espaço livre para se locomoverem até o cérebro. Porém, enquanto os pesquisadores não obtêm dados mais robustos em humanos sobre o caso, ainda não há motivos para se preocupar. De todo modo, fica o recado: enfiar o dedo no nariz não é nada higiênico e pode também ser ainda mais problemático!
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