NA cidade de São Caetano, no agreste de Pernambuco, tremores de terra foram registrados hoje (2). O maior abalo ocorreu às 2h20, de magnitude 3.3 na escala Richter. O fenômeno foi monitorado pelo Laboratório Sismológico (LabSis) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
A todo, foram 70 tremores da zero hora até às 6h40 da manhã, mas a maioria não foi sentida pelos moradores, sendo captada somente por equipamentos da universidade. Mais tarde, às 11 horas, novos eventos ocorreram.
Desta vez, a magnitude chegou a 2.2 na escala que vai até 9. “Mas isso só ocorre em países como Chile e Japão. Os de São Caetano são tremores pequenos. Acima de 5, 5,5 que é perigoso”, esclarece o técnico em sismologia do laboratório, geofísico Eduardo Alexandre Menezes.
Cama
Durante a madrugada, Eduardo foi acordado por um abalo sísmico. “Você sente a cama sair do chão. É diferente de quando passa um caminhão perto de casa”, conta Eduardo. Ele e outro técnico percorreram a cidade ainda na madrugada, quando várias pessoas também acordaram por causa do tremor. Eles tranquilizaram os moradores.
O coordenador da Defesa Civil de São Caetano, José Ariberto Soares Matos, conta que também sentiu o tremor mais forte. “Por acaso eu estava acordado. Dá para sentir a cama vibrando. As telhas fazem um chiado. Assusta um pouco”.
Matos relata, ainda, que ainda não teve registro de danos maiores na cidade. “Um senhora me falou informalmente que caiu uma peça da luminária do banheiro, só isso”, observa.
A equipe da universidade está no município por causa do último tremor registrado na região, no dia 23 de fevereiro, que marcou 3.8 na escala Richter. O abalo atingiu um raio de cerca de 100 quilômetros, e foi sentido, em maior ou menor proporção, em 30 cidades, até na Paraíba.
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Eduardo Menezes explica que a região é considerada sísmica, ou seja, periodicamente há tremores no solo, resultados de pequenas falhas geológicas que se movimentam. A energia gerada pela atividade se dissipa até a superfície onde o abalo é sentido.
Por isso, o laboratório da Universidade Federal do Rio Grande do Norte monitora a área. O pesquisador conta que os estudos feitos pela equipe podem ajudar a cidade: “A região não pode deixar de se desenvolver por causa dos tremores. Então, com as informações, podem ser erguidos prédios e estruturas que suportem ocorrências maiores”.
No tremor do dia 23 de fevereiro, alguns moradores reclamaram de rachaduras nas paredes das casas, mas nenhuma ocorrência oficial foi registrada, segundo o coordenador José Ariberto Soares Matos.
O geofísico Eduardo Menezes argumenta que a magnitude do abalo não é suficiente para provocar danos. “O que acontece é que prédios antigos, com a estrutura comprometida ou que a fundação não foi feita corretamente, racham independentemente do tremor. Ele pode até acelerar o processo ou parecer algo maior, mas não é a causa principal”, ensina.
A equipe da universidade está instalando 7 estações sismográficas em São Caetano para acompanhar os tremores com precisão. Cinco já foram implantados. Os outros dois devem ficar prontos até amanhã (3).