Dizem que cigarro relaxa e que fumar fora de casa não prejudica que mora com você, mas tudo isso são grandes mitos que precisam ser derrubados
Os riscos do tabagismo para o organismo são vários, seja consumindo um cigarro ou fazendo uma sessão de narguilé. Ainda assim, existem diversos mitos sobre o problema que confundem tanto aqueles que não fumam como aqueles que fumam ou querem parar de fumar.
Por isso, o iG Saúde entrevistou alguns especialistas para esclarecer os principais mitos sobre tabagismo que circulam por aí e ajudá-lo a compreender os verdadeiros efeitos do cigarro e de outros produtos com tabaco sobre o organismo.
Mito sobre tabagismo #1: fumar cigarro eletrônico não é vício
Segundo Franco Martins, pneumologista da Faculdade de Medicina do ABC, a ideia de que trocar o cigarro comum pelo vape é o mesmo que parar de fumar não tem fundamento. “Fazendo isso, você está apenas trocando um vício pelo outro”, adverte.
Mito sobre tabagismo #2: fumar socialmente não tem problema
Não importa quantos maços você fume por mês, os riscos de fumar continuam sendo os mesmos. “Acontece com o álcool, por exemplo: não podemos, como médicos, dizer que uma dose ao dia faz bem ou não tem problema”, defende Luiz Scocca, psiquiatra do Hospital das Clínicas da USP.
Ele lembra também que um fumante que consomem produtos de tabaco “socialmente” também sofre um quadro de vício de tabagismo. “Pesquisas recentes mostram que esse padrão na verdade é um padrão de consumo crônico, de uma quantidade menor”, explica.
Mitos sobre tabagismo #3: o cigarro não afeta o sistema nervoso
Contendo milhares de substâncias tóxicas, o cigarro – e quaisquer outros tipos de produtos com tabaco – prejudica todo o organismo, inclusive o sistema nervoso.
O único detalhe é que essas toxinas afetam cada pessoa de forma distinta, o que, segundo o clínico geral Roberto Debski, significa que cada um “apresentará um efeito diferente, com tempos diversos para desencadear doenças e alterações, reversíveis ou irreversíveis”.
Mitos sobre tabagismo #4: remédios para tratar o vício são caros e ineficazes
Segundo Franco, os remédios desenvolvidos para parar de fumar dobram as chances de um fumante largar o vício. “Além disso, muitos destes remédios estão disponíveis na rede pública de saúde, e os que não estão possuem preços bem acessíveis quando comparados a outros países”, complementa.
Mitos sobre tabagismo #5: o tabagismo não é doença
“Esse mito tem a ver com o pensamento de o consumo de tabaco ser considerado um estilo de vida”, observa Luiz Scocca. Contudo, graças à nicotina, o consumo de tabaco tem tudo para ser considerado um vício, segundo o psiquiatra: do prazer inicial à abstinência e dependência.
“Além, é claro, de haver uma tendência genética para desenvolvê-la e às centenas de doenças a ela associadas”, complementa. De acordo com o especialista, uma das provas de que o tabagismo é uma doença é o fato de que boa parte daqueles que tentam parar de fumar não conseguem sucesso no primeiro ano.
“Os sucessos mais permanentes exigem terapia, medicamentos, visitas constantes ao médico etc.”, finaliza.
Mitos sobre o tabagismo #6: fumar relaxa, então faz bem
Segundo Roberto Debski, assim como outras drogas, lícitas ou ilícitas, os produtos que contém tabaco atuam no sistema nervoso sobre o centro do prazer, causando uma sensação de bem-estar e relaxamento.
Isso não quer dizer, contudo, que o tabagismo traga benefícios para o fumante, especialmente no longo prazo. “Nem tudo o que causa prazer é saudável ou deve ser utilizado. Pessoas adultas e conscientes devem saber o que é ou não saudável, e fazer escolhas responsáveis. Devem ter o olhar não no ‘princípio do prazer’, mecanismo reativo infantil, e sim no ‘princípio da realidade’, que é adulto, responsável”, observa o clínico geral.
Mitos sobre o tabagismo #7: fumar fora de casa não atrapalha quem está dentro
Diferente do que este mito sobre o tabagismo prega, fumar fora de casa continua a ser prejudicial para as pessoas à sua volta, inclusive aquelas dentro da residência. “Os componentes do cigarro [e outros produtos com tabaco] ficam impregnados no fumante, provocando crises respiratórias, principalmente em crianças e idosos”, lembra Franco Martins. Então pense também na saúde daqueles em casa antes de acender o cigarro, o narguilé, o vape ou qualquer outro produto com tabaco.
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