Cerca de 660 mil crianças infectadas com o vírus HIV não têm acesso ao tratamento com drogas anti-retrovirais, de acordo com um relatório publicado nesta terça-feira pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em conjunto com o Unaids (Programa das Nações Unidas para HIV/AIDS) e a Unicef (o fundo da ONU para infância e adolescência).
O relatório “Em Direção ao Acesso Universal: Aumentando as Intervenções Prioritárias de HIV/AIDS no Setor de Saúde” analisa o acesso a terapias anti-retrovirais em cerca de 50 países com baixos e médios rendimentos.
O número de crianças que recebem tratamento aumentou em 50% no último ano, mas ainda é muito baixo. Em dezembro de 2006, apenas 15% das crianças soropositivas estavam sendo tratadas. “As crianças continuam a ser a face perdida da pandemia de AIDS, com crianças demais sem acesso a tratamentos que salvam vidas e a outros serviços essenciais”, disse a diretora-executiva da Unicef, Ann Veneman.
O Brasil vai contra a tendência, com acesso garantido às drogas anti-retrovirais para 95% das crianças menores de 15 anos.
No índice geral de acesso a tratamentos nos países com baixo e médio rendimento, o Brasil aparece no topo da lista, com cerca de 80%, ao lado de Tailândia e Botsuana.
Grávidas
As mulheres grávidas também sofrem com a falta de acesso a remédios anti-retrovirais, que podem evitar a transmissão do vírus da mãe para o bebê. Nos países analisados, apenas 11% das grávidas soropositivas recebem esse tipo de tratamento. A situação para as gestantes brasileiras é melhor, no entanto, com 40% recebendo tratamento.
O relatório apontou crescimento de 54% no acesso a terapias anti-retrovirais nos países de baixos e médios rendimentos, com mais de dois milhões de infectados sendo tratados em dezembro de 2006.
“O progresso significativo no aumento do acesso a tratamento mostrado nesse relatório é um passo positivo para vários países em direção a atingir seus objetivos ambiciosos de acesso universal à prevenção, ao tratamento e ao apoio de HIV”, disse o diretor-executivo da Unaids, Peter Piot.
“Mas o acesso a testes de HIV e aconselhamento, um ponto crítico tanto paras a prevenção quanto para o tratamento, também precisa ser aumentado significativamente se quisermos chegar perto de atingir as metas de acesso universal até 2010”, disse.
FOL