A Dra. Rita de Cássia Cassou Guimarães, Otorrinolaringologista e Otoneurologista de Curitiba, PR, comenta que os problemas auditivos podem ter causas congênitas, podem ser adquiridos por várias causas incluindo a superexposição a ruídos ou surgirem em decorrência do envelhecimento natural – a razão mais comum de problemas auditivos.
“Apesar de a presbiacusia – a perda auditiva que acontece devido o envelhecimento – ser a principal causa de surdez, cerca de 30 a 35% das perdas auditivas em adultos são causadas devido à exposição intensa a ruídos e sons muito altos,” explica Rita. Segundo a especialista, um dos hábitos comuns do dia-a-dia que faz com que possa haver uma futura lesão no ouvido é o fato de se passar muito tempo com fones de ouvido – ouvindo música alta.
“O uso de fones de ouvido com a música alta, o uso indevido de hastes flexíveis de algodão, a poluição sonora e até o barulho do trânsito em grandes cidades podem causar um estrago considerável no canal auditivo”, alerta a médica.
E, além dessas questões citadas anteriormente, existem certas doenças que também podem interferir diretamente no sistema auditivo – principalmente em mulheres gestantes. “Problemas como a rubéola na gravidez, caxumba, otite e prematuridade são as principais causas de surdez em crianças” explica Rita, que diz que, além dessas, a meningite, problemas vasculares e a otosclerose – certa patologia genética que acontece em jovens adultos – também podem levar à perda auditiva.
Apesar de a surdez atingir cerca de 15% dos brasileiros, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), muitas pessoas ainda não sabem que existem alternativas muito eficazes para lidar com esse problema. “Hoje, o exame de Emissões Otoacústicas, popularmente conhecido como teste da orelhinha – que ajuda a detectar o problema de surdez precocemente – já é obrigatório, ainda no berçário, em todos os hospitais e maternidades do país”, ressalta.
Outra boa notícia é que o SUS disponibiliza aparelhos auditivos e implantes cocleares gratuitos para pessoas que apresentam necessidade. Além disso, já existem medicações mais eficientes, antibióticos com menos efeitos colaterais e a evolução tecnológica das próteses também beneficiam quem tem problemas dessa natureza.
Vale lembrar que o uso de Libras, a Língua Brasileira de Sinais, também vem se popularizando. Uma lei regulamentada em 2005 torna seu ensino obrigatório nos cursos de formação de professores em nível médio e superior, assim, o acesso a esse conhecimento se torna cada vez maior, e as pessoas que sofrem com esse mal não se sentem mais a margem da sociedade.
Dra. Rita de Cássia Cassou Guimarães (CRM 9009)
Otorrinolaringologista, otoneurologista, mestre em clínica cirúrgica pela UFPR
Blog: http://canaldoouvido.blogspot.com