Um dado que demanda reflexão é que, embora existam por volta de 6 a 7 mil línguas indígenas no mundo, elas são faladas por cerca de somente 3% da população mundial. Portanto, a grande maioria delas, faladas sobretudo por povos indígenas, tende a desparecer em ritmo acelerado. No Brasil, há cerca de 170 línguas indígenas. E a estimativa é que possam desaparecer em 50 ou 100 anos.
A luta é para registrá-las e trabalhar para sua sobrevivência, o que inclui a produção de livros escolares, dicionários, de sites em idiomas indígenas e corpus linguísticos digitais que atendam tanto a exigências científicas da área da linguística como a propósitos sociais.
Nesse contexto, a UNESCO e seus parceiros, ao longo do ano de 2019, celebram o Ano Internacional das Línguas Indígenas (International Year of Indigenous languages – IYIL2019). Trata-se de um movimento que precisa envolver governos, organizações dos povos indígenas, sociedade civil, academia, setores público e privado, além de todo tipo de entidade interessada.
O esforço é urgente. A necessidade de preservar, revitalizar e promover as línguas indígenas do planeta não é uma questão retórica. Sem ações adequadas, elas irão se extinguir, levando consigo a história, as tradições e a memória associadas a elas. Isso reduz a diversidade linguística em todo o mundo.
Este texto, ao lembrar a questão, traz a sua modesta contribuição para que o tema seja cada vez mais divulgado e discutido. Cada ação realizada faz com que exista o estímulo para que as línguas indígenas possam ser objeto de ações concretas que as mantenham vivas na prática e na memória da Humanidade.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.